Aprenda a exigir qualidade
Se de um lado a castração cirúrgica é necessária e eficaz em prevenir o odor de macho inteiro (cheiro desagradável exalado ao cozinhar carne de suínos machos não castrados), por outro, o produtor tem significativas desvantagens ao utilizar a técnica. Os machos castrados cirurgicamente crescem mais lentamente, consomem mais ração, apresentam carcaças com mais gordura e têm maior índice de mortalidade ainda na maternidade. Em outras palavras, menor lucratividade.
Sedeada no Montijo, a Carmonti é uma das três indústrias de carnes que restam numa região com tradição no abate e transformação de carne de porco e que chegou a contar com 28 unidades industriais deste ramo, tal como refere Francisco Rasteiro, presidente do concelho de administração da Carmonti.
Em entrevista ao “Setúbal na rede” , o presidente declara que a produção e transformação de suínos estão em crise devido “aos preços demasiado baixos”, acusa os espanhóis de “concorrência desleal” porque mandam para Portugal a carne que “não tem qualidade para o seu próprio mercado” e aponta o dedo às autoridades portuguesas que “sabem o que se passa mas não tomam qualquer iniciativa”. Segundo Francisco Rasteiro, apesar da carne portuguesa ser “de boa qualidade” é o “preço que interessa ao consumidor” na hora de comprar. Sobre o facto de estas indústrias serem consideradas muito poluidoras, o presidente nega qualquer responsabilidade da sua empresa já que esta “foi das primeiras a ter uma estação de tratamento de águas a funcionar 24 horas”.
Setúbal na Rede – A carne que se consome em Portugal tem qualidade?
Francisco Rasteiro – No que se refere à carne de porco, a única sobre a qual posso falar, é boa na generalidade. A qualidade poderia aumentar se fosse implementada, em Portugal, a obrigatoriedade de castrar os suínos para abate. A lei está regulamentada mas nunca entrou em vigor e do meu ponto de vista era importante que isso acontecesse. A carne de um porco castrado é muito mais saborosa.
SR – Porque é que a lei não está em vigor?
FR – Essa é uma boa pergunta para fazer à Direcção Geral de Veterinária, aliás já foi feita e gerou polémica. É que a carne de porco é paga ao produtor em função da percentagem de carne magra e os porcos castrados têm mais gordura que os outros, logo têm menos valor económico. Por outro lado, a carne de porco castrado tem mais qualidade e eu estou convencido de que, se a lei entrasse em vigor, o consumo de carne de porco aumentava.
SR – Quando compramos carne de porco temos forma de saber se o animal foi ou não castrado?
FR – Não tem forma de saber, muito menos se for leigo no assunto.
SR – Que pressões têm sido feitas para que a lei entre em vigor?
FR – Temos incentivado os nossos fornecedores a castrarem os seus animais e já temos alguns a fazê-lo. A maioria dos talhos e supermercados, ao saberem que temos carne de porcos castrados, preferem essa carne, ainda que ela não chegue para todos.
SR – Essa questão poderia ser resolvida através da união de várias indústrias?
FR – Essa é uma questão que tem que ser resolvida na “fileira do porco” e isso inclui os industriais e os produtores. Como a maioria dos produtores, em especial as federações, estão contra isso, acaba por ganhar a maioria. Acredito que esta não seja uma batalha perdida mas vai demorar alguns anos. Quando as pessoas se habituarem a ter à sua disposição carne de porco castrado e inteiro, o inteiro vai deixar de se vender e terá que ser tomada uma decisão.
SR – A solução passa por fazer chegar a informação ao consumidor?
FR – Sim, mas é uma situação complicada porque o consumidor ainda valoriza o preço em detrimento da qualidade.E ainda prefere carne sem ponta de gordura isso so se consegue em machos por castrar. A carne de porco castrado teria que ser mais cara porque tem mais qualidade.
SR – O consumidor prefere o preço à qualidade?
FR – Neste momento de crise essa é uma realidade. Além disso, as grandes cadeias comerciais têm mais interesse no preço do que na qualidade. Em Espanha, as grandes superfícies já exigem qualidade e a carne que nós importamos de lá é a que eles não querem. Em Portugal recebemos tudo, não há qualquer tipo de controlo. As entidades oficiais sabem o que se passa, mas ninguém faz nada porque não há pessoas suficientes para fiscalizar.
Parece estar para breve uma solução mais vantajosa !!!!!!
A castração do suíno macho é obrigatória pela legislação brasileira e, caso não seja realizada, pode resultar na rejeição dos consumidores, devido a um odor desagradável – chamado de odor sexual – presente no tecido gorduroso quando aquecido. O procedimento de castração cirúrgico, realizado tradicionalmente, traz, porém, uma série de desvantagens relacionadas à produção do animal e ao seu bem-estar.
Há, por isso, uma busca por alternativas a este método. E uma delas foi testada pelo CTC (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Carnes). Trata-se de uma vacina natural, composta por uma proteína semelhante ao hormona que libera as gonadotrofinas, responsáveis pela ação que resulta na produção de esteróides – entre eles a androstenona, ligada ao odor sexual. Nesse sentido, ela atua nas duas substâncias responsáveis pelo cheiro indesejado: a androstenona e o escatol – produzido pelas bactérias no trato digestivo ou absorvida por meio de fezes e urinas no ambiente de criação, quando este não é bem higienizado.
“As desvantagens do macho inteiro causam defeitos sensoriais que podem gerar uma rejeição à carne suína que, no Brasil, já possui um índice baixo de consumo, se comparado a outros países”, diz o pesquisador do CTC Expedito Tadeu F. Silveira. Todavia, o método cirúrgico, que consiste em fazer dois cortes de aproximadamente três centímetros para a extracção dos testículos, sem anestesia, causa um grande impacto na saúde do animal. O suíno pode levar até uma semana depois do procedimento para voltar a consumir a alimentação normalmente e isso exige que permaneça mais tempo na granja, o que acarreta em prejuízo para o produtor.
Além disso, a preocupação com o bem-estar animal segue uma trajectória ascendente e já foi transformada em barreira comercial por muitos países. Na União Europeia, por exemplo, a partir de 2009, não será mais permitida a castração cirúrgica. Enquanto isso, alguns países têm adotado a anestesia, a qual também aumenta os custos de produção.
“A imunocastração veio como alternativa. Temos uma técnica disponível para evitar a castração cirúrgica com todos os benefícios que o macho inteiro tem”, conta Silveira. Entre estes benefícios estão: maior quantidade de carne na carcaça, melhor conversão alimentar (transformação da alimentação em carne no animal), evitar o processo invasivo da cirurgia e eliminar o risco de infecção causado pelos cortes. As vantagens económicas também são claras: o custo da vacinação varia de 8 a 10 reais por animal e a economia pode chegar a 45 centavos por quilo de carne.
A vacina está em processo de registo em alguns países (USA, Europa, Ásia e América Latina) e é comercializada na Austrália e Nova Zelândia desde 1998. No Brasil, o registo já foi aprovado, após os testes realizados pelo CTC/ITAL e, no momento, estão sendo feitos testes comerciais em grande escala com as sete maiores empresas de carne do País. Nestes testes, os suínos imunocastrados com testículos maiores que 110 mm são amostrados, por meio da remoção de gordura costo lombar, e o teste de cocção é realizado por agentes da Inspecção Federal, sob supervisão do médico veterinário responsável pela empresa de abate. Mesmo não apresentando o odor sexual através do teste de cocção, amostras destes mesmos animais são embaladas a vácuo e enviadas para avaliação química do escatol e androstenona no único laboratório do País apto a realizar tais as avaliações, o de Físico Química do CTC - ITAL.
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- Ã s domingo, janeiro 27, 2013 7:25:00 da tarde, Jorge Ramiro escreveu...
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Às vezes, os supermercados têm ofertas para comprar bacon e são muito bons. Bom bacon. Mas se uma pessoa quer comprar o melhor bacon, então certamente você tem que pagar um bom dinheiro. Eu sempre vou para comer em alguns restaurantes em higienópolis. Elllos tem o melhor bacon que uma pessoa pode comer. Pelo menos eu gosto muito. É que às vezes você tem que variar a alimentação.